Conheça o seu mais importante aliado na guerra entre mundos invisíveis
Por Rubens Faria
Você já sabe que lavar as mãos te protege do Coronavírus, mas lavá-las apenas com água não vai garantir higienização, só uma refrescada no mundo microscópio que vive em você.
Da mesma forma que as louças sujas do almoço, nossas mãos estão cobertas de gordura proveniente da hipoderme, camada da pele que ajuda a controlar nossa temperatura. Essa gordura interage com a gordura da sujeira e dos micro-organismos – a “pele” dos vírus e bactérias é composta de lipídios, um tipo de gordura – e aloja hóspedes nada bem-vindos. E como você sabe, água não se mistura com óleo.
A gordura das nossas mãos, na parte mais externa dos vírus e em todos os óleos é apolar, isto é, as cargas negativas e positivas de seus átomos são iguais e, portanto, as moléculas não formam polos. E a água, como você deve adivinhar agora, é polar: seus átomos compõem uma molécula com um polo positivo e outro negativo. Assim, por mais que você esfregue suas mãos na água e a sujeira pareça ter ido embora, ela ainda está lá no nível microscópico. E sabe quem mais está presente no nível microscópico? Isso mesmo, vírus, bactérias, protozoários e fungos, além do nosso novo inimigo, o Covid-19.
Mas não se preocupe, pois temos um aliado de alto nível molecular. Ele revolucionou a saúde pública com seu caráter de agradar gregos e troianos: o sabão!
A estrutura do sabão – e estamos falando de qualquer sabão, desde o sabonete, passando pelo detergente e chegando ao lava-roupas – tem duas partes, uma polar e outra apolar. Você deve estar imaginando, então, que ele conecta os diferentes perfis da água e da gordura e dissolve os dois juntos. É quase isso, mas espera que a explicação vai ficar mais legal.
Com corpo que parece um alfinete, o sabão tem a “cabeça” polar e a “cauda” apolar, sendo que a cabeça é atraída pela água (hidrofílica) e a cauda atraída pela gordura (hidrofóbica). Essa força de atração é baseada em uma regra da química que diz: semelhante dissolve semelhante.
Dissolvida pela “cabeça” do sabão, a água diminui sua tensão (sabe aquela brincadeira de jogar uma pedra achatada pela superfície da água e vê-la quicar? Isso só é possível graças à tensão superficial da água) e encontra caminho pela gordura. É por isso que os sabões são também chamados de tensoativos. Pelo outro lado, a gordura também dissolvida, dessa vez pela “cauda”, é aprisionada pelo sabão, formando as famosas micelas. Veja como funciona na prática:
Fonte: UOL
Você deve estar se perguntando: mas como o sabão mata o Covid-19? Justamente na parte em que sua parte apolar interage com a camada mais externa desses micro-organismos, rica em lipídios. O sabão quebra essa barreira, neutralizando o vírus. Então, a parte polar das micelas interagem com a água corrente da torneira, mandando resíduos visíveis e microscópicos pelo ralo.
Então, já pensou na maneira mais simples de conter a infecção pelo Covid-19? Pensou certo, vamos lavar as mãos!