Por Rubens Faria

É cada vez maior o número de adeptos às dietas plant-based – estilo de alimentação que exclui do cardápio qualquer alimento de origem animal, da carne ao mel. Nesse grupo, incluem-se os veganos, pessoas que somam à dieta plant-based a escolha de não comprar nenhum produto ou serviço que esteja envolvido com a exploração animal, desde cosméticos que foram testados em animais, artigos de couro, biocombustíveis, corantes e aromatizantes com animais em suas composições.

De acordo com o portal Viva Bem (Uol), há cerca de 375 milhões de vegetarianos no planeta. No Ocidente, o veganismo deixou de ser uma filosofia hippie para se tornar uma das tendências do milênio que mais cresce. Nos Estados Unidos, o número de veganos aumentou 600% entre 2014 e 2017, enquanto na Índia, as dietas sem carne são a principal forma de alimentação desde o século 6 a.C.

O cenário disparou um alarme na comunidade científica e, desde então, inúmeras pesquisas vêm sendo publicadas. Em uma busca rápida na base de dados do Google Acadêmico, foram identificados 15.000 artigos científicos dentro do verbete “veganismo”, 10.500 deles publicados nos últimos 10 anos. Somado ao verbete “vegetarianismo”, o número de artigos salta para impressionantes 68.000 publicações.

Dentre as plurais descobertas dessas pesquisas, estão aquelas que buscam entender os impactos de uma dieta plant-based na fisiologia humana. Há levantamentos da relação entre falta de nutrientes da carne e mais risco de demência, comprovações sobre a relação do consumo de carne e um risco maior de infarto e desenvolvimento de alguns cânceres, listagem de nutrientes essenciais, como a vitamina B12, que não foram encontrados em uma dieta sem alimentos de origem animal, entre outros. Porém, é consenso entre estudiosos da área de nutrição que uma dieta plant-based pode, sim, fornecer todos as vitaminas e minerais que o corpo humano precisa para funcionar corretamente.

Isso é reconhecido inclusive pelo nosso Ministério da Saúde, que atualizou, em 2014, o Guia Alimentar Para a População Brasileira, reconhecendo que não é necessário consumir carne, laticínios ou ovos para ser saudável, embora mantenha o posicionamento presente no guia antigo de que vegetarianos precisam ter atenção na hora de combinar os alimentos. Confira:

“Por diversas razões, algumas pessoas optam por não consumir alimentos de origem animal, sendo assim denominadas vegetarianas. A restrição pode ser apenas com relação a carnes ou pode envolver também ovos e leite ou mesmo todos os alimentos de origem animal. Embora o consumo de carnes ou de outros alimentos de origem animal, como o de qualquer outro grupo de alimentos, não seja absolutamente imprescindível para uma alimentação saudável, a restrição de qualquer alimento obriga que se tenha maior atenção na escolha da combinação dos demais alimentos que farão parte da alimentação. Quanto mais restrições, maior a necessidade de atenção e, eventualmente, do acompanhamento por um nutricionista.”

Em 2019, o mesmo Ministério atualizou o guia para estender a orientação para crianças menores de dois anos. Até os seis meses de vida, exatamente como qualquer outra criança, o bebê vegano ou vegetariano deve ser alimentado apenas com o leite materno. A partir de seis meses, é preciso que seja iniciada a introdução aos outros alimentos, sempre observando, já no início da introdução alimentar, a ingestão recomendada de vitamina B12, ferro e cálcio.

Fica claro que uma dieta plant-based pode fornecer todos os nutrientes que precisamos, se respeitados os preceitos de diversidade alimentar e educação sobre como obter o aporte completo desses nutrientes, assim como em qualquer outra dieta. Isso não é diferente quando tratamos de pessoas idosas.

Estudos nutricionais revelam que pessoas idosas, veganas ou não, apresentam ingestão insuficiente de vitaminas e sais minerais, tais como vitaminas C e D, ácido fólico, riboflavina, ferro, potássio e fibras. Logo, é importante ter o acompanhamento de um nutricionista para entender quais são os déficits de nutrientes para ajustar a dieta do idoso, independente de qual seja ela.

As exigências de cada indivíduo são diferentes e dependem também de fatores genéticos e de seus hábitos. Acima de tudo, é importante preservar as escolhas que esse indivíduo fez ao longo da vida; se ele escolheu ser vegano, é ético e moral respeitar esse caminho e, ao invés de forçá-lo a obter os nutrientes por um meio diferente, buscar um nutricionista especializado para ajudá-lo a atingir o aporte necessário dos nutrientes dentro da dieta plant-based.

Uma resposta para “Pessoas idosas podem ser veganas?

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