Por Rubens Faria
Capacidade funcional é o conjunto de habilidades em manter competências físicas e mentais que tornam o indivíduo apto a viver de maneira independente e autônoma. Naturalmente, o envelhecimento afeta nossa capacidade funcional de maneira heterogênea, isto é, de formas diferentes para cada um.
Os ramos da geriatria e da gerontologia, contudo, têm um novo olhar sobre as mudanças fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que condicionam a capacidade funcional e o envelhecimento. Já que elas são inevitáveis, o modo como elas são contornadas, visando a qualidade de vida da pessoa idosa, é chamado de envelhecimento bem sucedido. É um conceito novo, que se caracteriza por baixa suscetibilidade a doenças e elevada capacidade funcional (física e cognitiva), acompanhado de uma postura ativa perante a vida e a sociedade, levando em conta as perdas naturais que sofremos conforme a idade avança.
Duas das possíveis perdas são o comprometimento da audição e o enfraquecimento dos músculos relacionados à deglutição, seja por uma alteração na saúde devido ao processo natural de envelhecimento ou por uma patologia. Nestes casos, o profissional fonoaudiólogo irá trabalhar diferentes funções relacionadas à comunicação (linguagem, voz e audição), mastigação, deglutição e respiração.
Confira abaixo cinco benefícios da fonoaudiologia para pessoas idosas.
1 – Pré-diagnóstico e tratamento da perda auditiva
O diagnóstico precoce da surdez contribui significativamente para a melhora do quadro e para a qualidade de vida da pessoa. Se um profissional fonoaudiólogo desconfiar de uma perda auditiva, ele pode encaminhar o paciente para o médico otorrinolaringologista para fechar o diagnóstico e assim começar a terapia.
Os fonoaudiólogos detectam o grau da surdez – se leve, moderada, severa ou profunda – para então adaptar os aparelhos auditivos que ajudarão o paciente a recuperar a audição parcial ou totalmente, recuperando a capacidade funcional.
2 – Melhora a capacidade de deglutição
Com o passar da idade, a pessoa pode sentir dificuldade em engolir alimentos, bebidas e até a própria saliva. Essa dificuldade pode acarretar em broncoaspiração – quando um alimento ou bebida entra “pelo buraco errado” e se aloja nas vias aéreas, podendo provocar pneumonia.
O acompanhamento fonoaudiológico ajuda a pessoa idosa a melhorar desde a mastigação, passando pela respiração e até a deglutição, reduzindo a frequência dos engasgos.
3 – Fortalecimento das cordas vocais
Pessoas idosas têm tendência a perder a elasticidade dos músculos da laringe, prejudicando a voz e, consequentemente, a fala. Uma comunicação prejudicada impacta em setores importantes para a autonomia da pessoa e também aspectos psicossociais. Por meio da terapia fonoaudiológica, é possível uma recuperação e melhora na estabilidade e qualidade vocal com exercícios de fortalecimento da região.
4 – Coadjuvante terapêutica em doenças degenerativas
A terapia fonoaudiológica é uma aliada para minimizar a evolução de doenças degenerativas, em especial as relacionadas à demência. Ela tem a capacidade de preservar funções cerebrais como memória, raciocínio, pensamento lógico e tomada de decisão.
5 – Recuperação de AVC
O AVC carrega consigo complicações que podem ser tratadas por meio da terapia fonoaudiológica, como a afasia – condição que afeta a capacidade de comunicação. Esse tipo de lesão afeta as capacidades de falar, ler, escrever e compreender. O distúrbio pode se apresentar em diferentes tipos e graus e a fonoaudiologia atua na recuperação parcial ou total dessas capacidades.