Por Rubens Faria

O Estatuto do Idoso aponta que pessoas com mais de 60 anos têm o direito ao exercício de atividades profissionais respeitando a condição física, intelectual e psíquica destes sujeitos, sendo vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, salvo casos em que a natureza do cargo exigir grande concentração de esforço físico.

Mas, no Brasil, o trabalho na terceira idade ainda é um tabu e pode ser enxergado por extremos. De um lado, temos o idoso que mesmo sem condições de saúde adequadas, por questões financeiras, é obrigado a trabalhar para complementar ou ser a única fonte de renda da família, encarando qualquer forma de subemprego, muitas vezes em condições adversas. Do outro lado, temos pessoas mais velhas que são capacitadas e mesmo com plenas condições físicas e mentais para produzir, simplesmente são descartadas do mercado de trabalho por conta da idade.

Antenados

Para a psicóloga e especialista em gestão de RH, Priscilla Neves, ouvida pelo Bem Viver Em Minas, é possível viver mais de forma produtiva. “Até pouco tempo atrás, a aposentadoria vinha na faixa dos 40 anos e com um sentido de ciclo produtivo finalizado, de invalidez. Hoje, as pessoas se posicionam de forma diferente e o recado que elas querem dar é de que ainda estão ativas e antenadas”, analisa. Para ela, muitas pessoas estão se preparando para parar de trabalhar cada vez mais tarde. “Vamos chegar em um ponto em que o limite não será mais a legislação, e sim o limite de cada um”, diz.

Ser útil e colaborar

A jornalista e escritora Roberta Zampetti, anfitriã do projeto Viva a Sua Idade do Hermes Pardini, levanta a questão do preconceito como o principal motivo que afasta os mais velhos em condições produtivas do mercado de trabalho formal. “É preciso acabar com o que chamamos de “idadismo”, que é o preconceito contra as pessoas mais idosas, de achar que a partir de certa idade não é possível fazer mais nada”, alerta a especialista. Roberta acredita em uma possível união entre talentos e habilidades de gerações diferentes que una o ímpeto dos mais jovens e a experiência dos que têm mais idade. “Essa troca é muito interessante. Digamos que os mais velhos possam funcionar como moderadores de emoções em meio aos conflitos e busca por soluções nos ambientes de trabalho”. Para a jornalista, é preciso haver um diálogo intergeracional capaz de acomodar e aproveitar o que as pessoas têm de melhor em cada fase das suas vidas. “O que a gente quer é ser útil e colaborar”, defende.

Desconstruir mitos

O médico geriatra Estevão Valle, que é cooperado da Unimed-BH e fundador e diretor da Clínica +60, também concorda com a jornalista ao afirmar que o preconceito é o grande obstáculo a ser vencido, para que mais pessoas acima de 60 anos sejam aproveitadas no mercado de trabalho. “É preciso desconstruir o mito da velhice como “fim de vida”, o mito da velhice confinada”. Do ponto de vista clínico, o médico avalia que o trabalho na terceira idade ajuda a estimular a mente e consequentemente auxilia as pessoas a alcançarem a longevidade com mais qualidade. “Quanto mais a gente puder estender a nossa fase produtiva, melhor. Isso, claro, dependendo das condições físicas de cada um”, explica. Apesar de concordar que o trabalho na terceira idade é importante para manter uma longevidade mais saudável, o médico geriatra alerta para os cuidados que são necessários para que o idoso possa estender e aproveitar ao máximo a sua fase produtiva. “É importante que a pessoa se conheça para poder desenvolver toda a sua potencialidade”, finaliza o especialista.

Fonte: Bem Viver em Minas

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